9 de Agosto – Festival de Ciência no Porto e o último dia da viagem à bordo da Caravela

A viagem de Ílhavo para o Porto foi tudo menos tranquila. Para além dos ventos fortes, observámos ao longo da costa vários incêndios que devastavam as serras. Através das notícias online, soubemos que em Portugal havia cerca de 100 fogos ativos. À chegada à Foz do Douro sentimos no ar o fumo e o cheiro a queimado. Todos os anos os incêndios florestais devastam a nossa vegetação, colocando em perigo muitas casas e os seus habitantes. Os impactes no solo são também arrasadores, propiciando a sua erosão, agravada se o inverno seguinte for muito chuvoso, muitas vezes resultando em movimentos de massa, que destroem diversas infraestruturas.

A vista da Foz do Douro.

Apesar de tudo, não podemos deixar de apreciar a beleza impar à medida que percorríamos o rio Douro, até atracar cais da Estiva na Ribeira. O ambiente começou a ser de nostalgia, uma vez que estávamos agora a chegar ao nosso destino final. Era o momento de finalizar todas as experiências e começar a empacotar o material e fazer as nossas malas para voltar a casa.

Mas antes, ainda tivemos um jantar de convívio entre toda a tripulação mais jovem da Caravela, degustando a típica francesinha do Porto.

O dia começou cedo, porque ainda havia que preparar a Caravela para mais um dia de visitas, que rondaram as 1000 pessoas. Nós explicámos as nossas experiências aos mais interessados e visitámos o Festival de Ciência no Jardim do Passeio Alegre na Foz, organizado pelos Centros de Ciência Viva Porto (Planetário do Porto), de Bragança, de Guimarães e de Vila do Conde, com apoio da Universidade do Porto, Câmara Municipal do Porto e em parceria com o IA, CIIMAR, I3S, Museu de História Natural e da Ciência da UP, Associação Aldeia, STOL, Laboratório da paisagem de Guimarães e CIMIA-Vila do Conde.

Os jovens cientistas no Festival da Ciência do Porto.

 

No festival participámos em várias atividades como mini-golf através de um braço robótico, jogar o jogo da glória na versão do sistema solar, observar diversas espécies de algas, conchas, anémonas e estrelas-do-mar. Algumas bancas tentavam sensibilizar à reciclagem, e outras tinham, por exemplo, diferentes maneiras de controlar um derrame de petróleo. Achámos muito interessante que todas as bancadas tinham atividades  hands-on  para os mais jovens.

Ao voltarmos para a Vera Cruz começaram as despedidas. Juntámo-nos todos à volta da mesa, onde o Comandante José Inácio discursou. Ficámos muito contentes com as suas palavras de agradecimento pela atitude que tivemos, não só como cientistas, mas também como marinheiros. Foi um discurso repleto de emoção para todos nós, porque não é todos os dias que ouvimos palavras de grande apreço vindas de um homem como o Comandante.

Os discursos de despedida.

O Alexandre seguiu-se com um discurso muito comovente, onde agradeceu o forte apoio que a equipa da APORVELA deu a este projeto, realçando o prazer e a honra que teve em poder participar nesta ação, reforçando o facto de que nós investigadores conseguimos entender a importância de comunicar ciência, acreditando que Portugal ganhou mais 8 investigadores capazes de transmitir a importância dos temas mais sensíveis do século XXI. Deu também um forte agradecimento aos repórteres da TVI que realizaram reportagens diárias espetaculares, que mostraram ao público a importância da interdisciplinaridade entre todos nós, muito importante para o desenvolvimento científico.

Posteriormente ouve a troca de prendas e agradecimentos que, como sendo de esperar foi mais um momento de grande emoção. A Lua e o Sebas também mereceram muitas festas na hora da despedida.

Os nossos companheiros de viagem Sebas e Lua.

Já com as malas e equipamento fora da caravela, tivemos o prazer de cumprir a nossa última tarefa como marinheiros: soltar os cabos da regeira de popa e proa, para que a caravela Vera Cruz seguisse viagem com destino à Corunha.

A bagagem dos cientistas.

Voltámos para casa com a sensação de dever cumprido, e com a noção de que fazer e comunicar ciência nestas condições foi um grande desafio. Turnos de 3 horas noturnas e 4 horas diurnas que incluíram a aprendizagem da navegação, proceder às nossas experiências em alto mar e comunicar ciência para centenas pessoas, tanto a bordo como nos festivais de ciência, tornou estes oito dias de viagem numa das vivências mais exigentes mas, ao mesmo tempo, aliciantes das nossas vidas.

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